Os presos irão responder por diversos crimes, incluindo estelionato, organização criminosa, uso de documentos falsos
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) desmontou um esquema criminoso responsável por aplicar golpes de crédito consignado em professores da rede pública estadual. A quadrilha, que atuava de forma organizada e direcionada, movimentou mais de R$ 3 milhões em pouco mais de um ano, de acordo com as investigações.
A operação, batizada de Lousa Negra, foi deflagrada na última segunda-feira (2), resultando na prisão de sete integrantes do grupo. Entre os detidos estão um pastor evangélico, um pai de santo e um gerente de banco — este último apontado como peça-chave no processo de liberação irregular dos empréstimos.
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Segundo o delegado Cícero Túlio, titular do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), a quadrilha atuava coletando informações sobre a margem consignável de servidores da educação, tanto da capital quanto do interior do estado. A partir desses dados, os criminosos falsificavam documentos e usavam “laranjas” para se passarem pelas vítimas nas instituições bancárias, onde os contratos fraudulentos eram assinados.
Um dos métodos mais utilizados envolvia o uso de correspondentes bancários — três dos quais estão entre os presos. Essas figuras intermediavam o processo de abertura de contas, envio de documentação falsificada e viabilização dos contratos. O gerente bancário, por sua vez, autorizava os empréstimos sem a devida análise dos comitês internos das instituições financeiras. Em troca, recebia comissões dos valores desviados.
“O grupo se aproveitava de um sistema simplificado, conhecido como ‘clique único’, em que os empréstimos podiam ser liberados diretamente por aplicativos bancários, sem a presença física do solicitante na agência”, explicou o delegado.
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Entre os presos estão Alan Douglas Pereira Barbosa (gerente bancário), Jean Fábio França de Souza, John Harry Santos da Silva (pastor), Luís Gonçalves da Silva, Luiz Roberto Lima Fonseca (pai de santo), Manoel Moreno Penha Júnior e Samuel da Costa Matos. Alan Douglas já era investigado anteriormente por sua suposta ligação com fraudes na liberação de crédito para compra de veículos de luxo.
Ainda segundo a PC-AM, o pastor John Harry, o pai de santo Luiz Roberto e Manoel Moreno atuavam como corretores dentro do esquema. Eles recebiam os documentos falsificados e repassavam aos correspondentes, que então encaminhavam as informações aos gerentes de confiança para liberação dos empréstimos.
O golpe só era descoberto pelas vítimas após meses, quando os descontos referentes aos empréstimos fraudulentos começavam a aparecer nos contracheques. A maioria dos lesados sequer tinha conhecimento de que havia solicitado qualquer tipo de crédito.
Apesar das prisões, a polícia ainda busca outros suspeitos considerados foragidos. Estão sendo procurados Pablo Kzar Andrade Costa, Peter Kalil Andrade Costa, Rafael Bruno Lima de Souza, William da Rocha Bezerra (conhecido como “Sombra”), Manoel David Miranda de Melo, Crisney Uchôa Correia e Marcos Pitter Lemos da Silva.
A população pode colaborar com informações anônimas por meio do disque-denúncia da PC-AM, pelo número (92) 99118-9177, ou através do 181, da Secretaria de Segurança Pública. “A identidade do denunciante será mantida em sigilo”, garantiu o delegado.
Os presos irão responder por diversos crimes, incluindo estelionato, organização criminosa, uso de documentos falsos, falsidade ideológica e falsa identidade. Todos passarão por audiência de custódia e seguirão à disposição da Justiça.